quarta-feira, 31 de março de 2010

SEMANA SANTA E O TRÍDUO PASCAL

Por que Semana Santa?

A Igreja escolhe sempre uma semana depois da Quaresma para reviver de modo mais intenso e reflexivo sobre o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
A Semana Santa inicia-se com o Domingo de Ramos, isto é, a Igreja celebra o início da paixão de Cristo, onde Ele foi à Jerusalém para celebrar a Páscoa pela última vez. Lá foi aclamado como Rei, mas Jesus ao invés de chegar montado em um cavalo, ou trazido em uma carruagem, chega humilde, montado em um jumento que os discípulos conseguiram emprestado. E o povo o aclamava, com palmas nas mãos, gritando: "Hosana ao filho de Davi!"
No Domingo de Ramos, a Igreja dentro da Liturgia, procura viver este momento. Essa Liturgia abre então a Semana Santa.
No Brasil e na América Latina, os padres europeus, principalmente de Portugal e Espanha, trouxeram com eles um meio de evangelização, peculiar e muito importante, as procissões. Esculpiram grandes imagens representando Nossa Senhora da Soledade e o Cristo Com a Cruz nos ombros; que em alguns lugares também ficou conhecido como "Nosso Senhor dos Passos". E assim puderam encenar o encontro de Maria com Jesus, o enterro de Jesus, etc. 
Era uma maneira de evangelizar os que não tinham leitura na época, como os negros, mulatos, índios e toda gente que não era alfabetizada. Uma vez que a Igreja usava o Latim em suas celebrações. E somente os nobres entendiam o Latim. Então os missionários inventaram tais procissões para explicar a paixão de nosso Senhor. Aproveitando-se de uma técnica que já era usada na Europa, a arte, usada para evangelizar os pobres e analfabetos. 
Até hoje é comum nas cidades históricas, como em Minas Gerais, acontecerem as grandes procissões encenando o encontro de Maria e Jesus no caminho do Calvário; o enterro de Jesus, etc.

Em Roma não existem estas procissões. Apenas a de Ramos e a da Ressurreição, na Sexta-Feira Santa acontece a Via-Crucis ou Via Sacra. Porque considera que em Roma todos já eram de alguma forma alfabetizados.  

TRÍDUO PASCAL - A PÁSCOA JUDAICA E A PÁSCOA CRISTÃ

- É celebrado por toda Igreja. Mas para entender o Tríduo Pascal é preciso fazer uma sinopse da Páscoa Judáica e da Páscoa de Jesus.

PÁSCOA - significa passagem. Os judeus celebram a libertação do povo hebreu do poder dos egípcios, a passagem do "Mar Vermelho", liderados por Moisés. Deus para libertá-los feriu o Egito com a morte de todos os primogênitos. Deus mandou que os hebreus fizessem uma celebração, matariam um cordeiro ou cabrito primogênito e sem defeito,  sacrificassem e comessem, sem deixar sobras. E que fizessem pães sem fermento, comessem com ervas amargas, para lembrar do sofrimento que eles passaram no Egito por terem desobedecido a Deus. Que comessem às pressas pois era a Páscoa, isto é, a passagem do Senhor. E ordenou que celebrassem todos os anos em memória deste dia. O Sangue dos cordeiros deveriam ser ungidos os umbrais das portas como sinal, para que o anjo da morte não ferissem os hebreus.  Vamos ler na Bíblia:  Êx12, 1-8.11-14. Deus assim fez uma aliança com seu povo.
Essa passagem é uma prefigura da Páscoa única e definitiva que Jesus viria instituir. Ele próprio viria ao seu tempo, se imolar como Cordeiro para nossa salvação. Jesus que se entregou como um cordeiro, sendo chamado por João Batista como "O Cordeiro de Deus". Viria então celebrar conosco uma Nova Aliança. 
Jesus então sendo judeu, usa da celebração da Páscoa judáica para iniciar cumprir a missão desde muito anunciada pelos profetas. Ele então no pão e no vinho dá-se em alimento, "tornando-se corpo e sangue", e se entregando por nós. Agora não mais se sacrificaria animais, mas ele mesmo era o Cordeiro que se entregaria na Cruz para pagar pelos nossos pecados. Jesus então criou uma Nova Aliança e o Sacerdócio Ministerial, onde a partir daquele momento em cada fração do pão e do vinho, Eles se tornariam Corpo e Sangue. Como  Ele mesmo ordenou. 1Cor11, 23-26. A Figura ao lado mostra um prato da ceia judáica: 
Então o Tríduo Pascal é a celebração da Paixão Morte e Ressurreição de Cristo. Começa na Quinta-Feira Santa, Sábado-Santo e Domingo da Ressurreição. O Mar Vermelho é substituído pelo Sangue de Cristo pelo qual somos salvos, libertos do pecado, se o povo de Deus, outrora passou pelo Mar Vermelho em direção à terra prometida, para longe da escravidão; nós passamos pelo Sangue imaculado de Cristo, para uma nova vida, a vida de Filhos de Deus, onde a Terra prometida é o próprio Céu. Por isso é muito importante celebrar o Tríduo Pascal e compreender o significado da Liturgia de cada dia. Aquele que não participa, e mais ainda não vive a experiência do Tríduo Pascal perde a oportunidade de viver a "Semana Santa".  

Na QUINTA FEIRA SANTA - a Igreja celebra a Instituição do Sacerdócio Ministerial, inicia-se com a Missa dos Santos Óleos, onde o bispo consagra os óleos que serão usados na administração dos  Sacramentos da Igreja.
E a noite a Missa da Ceia do Senhor, ou Missa do Lava-pés, onde se recorda a Santa Ceia, momento em que Cristo lava os pés dos Apóstolos, e também instituiu a Eucaristia, isto é, sua presença nas espécies do pão e do vinho. Começa então a celebração da Páscoa ou Tríduo Pascal.  O padre ou o bispo repete o mesmo gesto que Jesus fez na última ceia.

No SÁBADO SANTO - VIGÍLIA PASCAL - Após a Sexta-Feira Santa,  Igreja se recolhe até o cantar o glória e do Aleluia, e celebra a Ressurreição de Cristo, que vem simbolizado no Círio Pascal.
O que é o Círio Pascal? o Círio é uma vela bem grande feita de cera de abelha onde sua chama representa o Cristo Ressuscitado, nela estão os cravos representando o sofrimento e a passagem de Cristo sobre a morte e também as letras ao Alfabeto grego, Alfa e Ômega, que significa, Jesus Cristo, Deus, que é o princinípio e fim.  Ele é eterno. Também traz a inscrição JHS, (Jesus ontem, hoje e sempre); No início da celebração acontece também a bênção do fogo, que logo depois será aceso o Círio. Este fogo significa Deus, que brilhou na sarça ardente e se revelou a Moisés, como Javé. Libertou seu povo da escravidão e agora nos liberta por seu filho Jesus Ressuscitado. O Círio representa a luz de Cristo Ressuscitado, Cristo resplandecente dissipa as trevas do pecado em nossa mente e nos traz a salvação. A luz ocupa o lugar da escuridão, Jesus morreu para dar-nos vida nova. Na luz de Cristo acendemos a nova vida que recebemos do Batismo, esse "fogo novo" deve nos levar a viver mais intensamente nossa missão de discípulos de Cristo. Após a entrada do Círio, que acenderá as velas dos fiéis, acontece a Proclamação da Páscoa, isto é a Proclamação da Ressurreição de Cristo, com o canto festivo do Exultet. Logo após segue a Liturgia da Palavra, diferente dos outros dias temos quatro leituras e quatro salmos responsoriais: Na primeira leitura fala-se a narrativa da criação, na segunda, mostra a primeira aliança de Deus feita conosco através de Abraão, na terceira a passagem do Povo de Deus pelo mar vermelho, (é o cumprimento da Páscoa antiga); canta-se o Glória, logo em seguida na quarta leitura, São Paulo nos fala que em Cristo somos revestidos de uma nova criatura, pela sua morte e ressurreição, fomos dotados da graça de Deus, uma vez mortos pelo pecado ressuscitaremos com Ele. Em seguida após a última leitura (ou canto) do salmo Proclama-se o Evangelho da Ressurreição de Jesus. Após a homilia, (se houver), são apresentados os novos catecúmenos, isto é, os que vão receber o batismo. Logo após canta-se a ladainha de todos os Santos e segue com a benção da água  batismal e a renovação das promessas do batismo, em seguida passa-se para a Liturgia Eucarística. Encerrando assim a Virgília Pascal.       

No DOMINGO DA RESSURREIÇÃO - A Igreja celebra a Ressurreição de Jesus, é o ápice da celebração da Páscoa, isto é Jesus Ressuscitou, venceu a morte. Os sinos voltam a dobrar, canta-se o Glória festivo e o Exultet, louvando a Cristo vitorioso. O período pascal passa pela festa da Ascensão do Senhor, (Jesus sobe para o Pai); e termina com a Festa de Pentecostes,  ou seja, a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos e Maria no cenáculo.    
Na Profissão de Fé, ou creio, versão mais antiga do que rezamos hoje, encontra-se um artigo, "Desceu aos infernos", isto quer dizer, baseado nas palavras do Apocalípse onde está escrito, "Ele tem a chave da região dos mortos", (Ap1, 17-18); "estive morto e agora vivo..." Cristo venceu a morte, a morte não tem mais poder sobre a humanidade. Também quer dizer que Jesus, padeceu na Cruz e foi sepultado, a expressão, "inferno", quer dizer também o sofrimento que Jesus passou na Cruz. Hoje professamos diretamente no creio, "Ressurgiu dos mortos". A vitória de Cristo sobre a morte também é nossa vitória, pois ressuscitou para que nós também pudéssemos ressuscitar um dia com ele. Uma vez que passamos desta vida em santidade, poderemos estar com Jesus, não existe mais a morte eterna. Jesus nos conquistou com a sua morte e ressurreição. Jesus é o Senhor da vida e da morte. E depois no final dos tempos "todos" ressuscitaremos com Ele para um mundo novo, novo céu e nova terra.          

QUAL A EFICÁCIA E A IMPORTÂNCIA DO SACRIFÍCIO DE JESUS NA CRUZ?

Desde Adão (o primeiro homem) e Eva (a primeira mulher); cujos pecaram contra Deus,a humanidade não foi a mesma. O pecado havia afastado os homens de Deus. Mas Deus em seu amor nunca desprezou a humanidade, pelo contrário, traçou desde o início seu plano de salvação. Satanás a antiga serpente, acusava o homem diante de Deus pelos seus crimes. Deus sempre quis uma aliança com os homens. Mas o homem sempre desagradava a Deus, a ponto de se entristecer e querer acabar com a humanidade. Mas é Ele que sempre quer que os homens voltem a reconciliar-se com Ele. Por isso para por o seu plano em prática, quis em seu amor que os homens colaborassem neste plano de salvação. Para isso escolheu um povo, o povo Hebreu; com esse povo Deus estabeleceu através de Abraão uma nova aliança de amor. Mas os filhos e a descendência dele também pecaram contra Deus. E por isso várias vezes se tornaram escravos de outras nações e de seus pecados. Mas Deus sempre os amou. Deus envia homens justos, os Profetas para guiar este povo. Ao mesmo tempo eles tinham a missão de preparar o povo para a chegada do Messias. Moisés, que com sua ajuda liberta os hebreus dos Egípcios;  Em Moisés instituiu uma Páscoa, e os libertou, para que esse povo o servissem. Deus suscitou os Profetas e os sacerdotes, reis e juízes para governar seu povo. Mesmo assim o pecado continuava a reinar. Visto que o homem não era capaz de salvar a si mesmo. Estando pois privados da graça de Deus pelo pecado; sacrificavam ovelhas, cordeiros e touros, e o sangue era oferecido a Deus em expiação dos pecados. Mas nenhum sangue animal poderia aniquilar de vez o pecado dos homens. Era preciso muito mais, que houvesse, alguém justo, puro, imaculado, que fosse  entregue em sacrifício uma vez por todas para salvar a humanidade. Esse alguém era o próprio Filho de Deus. O Messias, esperado desde o início pela humanidade. Deus então envia seu Filho Jesus, para nascer no meio do povo, dentro de uma família, escolhe Maria e José para que fossem seus pais. Deus quis a participação humana na obra da salvação. Jesus veio trazer a salvação, mas quis experimentar a vida humana, exceto no pecado, ele nasceu, cresceu, passou dificuldades, fomes, trabalhou  como qualquer um de nós. Mas a sua missão era sofrer para pagar o preço dos nossos pecados. E  morte seria o sacrifício na Cruz. Seu Sangue sim, viria a redimir a humanidade inteira. Esse sacrifício e esta redenção é dada gratuitamente aqueles que crêem e são batizados em seu nome. Jesus não só veio salvar, como veio destruir a morte. Ele se tornou o Cordeiro de Deus. Para vencer a morte Ressuscitou ao terceiro dia e foi glorificado. Mas Jesus não veio só trazer a salvação, ele veio trazer uma nova maneira de viver que pudesse oferecer meios para se chegar a ela, para isso escolheu seus Apóstolos e discípulos, fundou uma Igreja, sobre o governo de Pedro, instituiu a Sacerdócio e a Eucaristia, estabeleceu meios de se chegar à salvação, os Sacramentos, (sinais sensíveis e visíveis da graça de Deus) . Os Apóstolos por sua vez nomearam seus sucessores os bispos, diáconos e presbíteros. Jesus ainda nos deu o autor da santificação, o Espírito Santo, prometido por Ele.

Mas a salvação dada por Jesus não é imposta, é preciso crer em Jesus, ser batizado, fazer o que Jesus fez, ser seu discípulo. Deus que nos ama não quer que afastemos dele, mas não nos impõe a salvação. Ela deve ser aceita livremente. Deus detesta o pecado mas ama o pecador. Optar por Jesus é viver como ele viveu, é ser diferente, ser sinal de salvação em meio às contradições do mundo. Cabe a cada um querer ou não ser de Jesus. O salário do pecado é a morte, morte eterna. Também nos exige que a conquistemos a cada dia de nossa vida, que busquemos a santidade, vivendo na graça de Filhos de Deus. Essa condição de "filhos de Deus"; Jesus conquistou para nós na Cruz.  Optar por Jesus é saber vencer as dificuldades com alegria. E ela acontece na medida que nos esforçamos para sermos cada vez mais santos diante de Deus. A salvação é para toda humanidade que crê em Cristo Jesus.  

PÁSCOA FESTA DA VIDA, COMO CELEBRAR BEM O TEMPO PASCAL

Páscoa deve ser para nós tempo de vida nova. Temos de nos alegrar com o dom recebido, festejar a bondade de Deus e nossa felicidade. É tempo de redescobrir a alegria e o otimismo que deve marcar nossa vida cristã. É tempo de dar asas à esperança, de olhar com mais coragem o mundo que nos cabe conquistar para Cristo.
Como as mulheres que se encontram com Jesus ressuscitado, também nós precisamos sair pelo mundo afora, a anunciar para todos que Jesus vive e está entre nós. Somos anunciadores, mais, somos portadores de vida e de futuro.Com Cristo podemos salvar o mundo, prepará-lo para a grande festa da ressurreição futura.

(Texto de Pe. José Ulysses da Silva, CSsR) O Tempo Pascal, inicia-se na no Domingo de Páscoa e vai até a celebração de Pentecostes. "O que mais poderia Deus ter feito para provar até que ponto chegou seu amor por nós?"
Pergunta Santo Afonso de Ligório. Jesus fez ainda mais, diz ele, porque encerrou-se milagrosamente todo seu mistério Pascal no sacramento da Eucaristia. Sacramento do amor, alimento divino e oferta constante ao Pai da sua vida por nós, a Eucaristia contém a encarnação, a paixão, morte e ressurreição. Por isso a festa do Corpo de Deus, após a festa de Pentecostes, proclama a alegria de termos o Mistério da Redenção.

Como viver e celebrar bem este tempo Pascal?
Vale o velho ditado: "Amor com amor se paga". Quanto mais Eucarísticos formos, mais estaremos vivendo e celebrando o tempo Pascal. Jesus se oferece. Mas é preciso que nos tornemos eucarísticos no sentido mais evangélico do termo. Que não é só fazer comunhão, ou adorar o Santíssimo. Ser um cristão eucarístico é ter uma espiritualidade de filhos amados do Pai. Templos vivos do Espírito Santo. E de seguimento fiel a Jesus, através da vivência do seu evangelho e da comunhão contínua com seu corpo e sangue. Eucaristia e Páscoa nos vinculam com a vida e o amor de Jesus Ressuscitado para que tenhamos nele Vida. Por isso ser Eucarístico e Pascal é ser pela vida e pelo amor.

A Páscoa e a Eucaristia nos convidam a renovar com maior empenho o nosso não a tudo e o comprometimento com a vida humana e a vida da terra, a todas as formas ideológicas, religiosas, científicas, políticas, econômicas etc., que diminuem a vida e favorecem a morte. Quem é pascal é sempre a favor da vida humana, desde seu alvorecer, até o seu entardecer. Aprende a avaliar tudo, desde o seu próprio agir até as propostas da política, ciência, economia, etc.

A partir da qualidade de vida que proporciona todo ser humano. Assim comprometendo-se contudo o que favorece a vida, aqui na Terra e para a eternidade, torna-se autêntico discípulo e missionário de Jesus.                                      

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