quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O SOFRIMENTO É VONTADE DE DEUS OU DESCULPA PARA NOSSO EGOÍSMO?

De: D. Murilo S. R. Krieger, scj

Um rápido olhar sobre o mundo de hoje nos leva à conclusão de que os homens e mulheres de nosso tempo percorrem uma grande Via Sacra, com mais estações do que as quatorze tradicionais. O sofrimento está em toda parte: na África, com seus milhões de famintos, na Europa com seus milhões de imigrantes vivendo permanente insegurança; na China, onde a população não têm liberdade; no Nordeste brasileiro, que de tempos em tempos sofre com as conseqüeências da seca ou das enchentes. 

Se percorrendo uma rua de nossa cidade- qualquer rua - batermos de porta em porta, o que encontraremos?
Que muitas casas são outras tantas Vias Sacras. Quem não poderia dar testemunho de uma cruz, de um sofrimento ou de uma decepção?
Basta perguntar a qualquer pessoa se tem algum sofrimento e logo é obrigado a ouvir uma longa história. O que a fé nos diz a esse respeito?

Na Bíblia não há grandes explicações filosóficas para o sofrimento. Há sim uma série de pessoas que são atingidas por ele, e que dão a resposta concreta. Nem Jesus discorreu sobre o sentido da dor. Falou da necessidade de tmarmos a cruz e do bom samaritano que socorre um ferido à beira da estrada. Curou cegos e aleijados, restituiu a alegria à uma viúva que chorava a perda do filho e deu esperança à uma pecadora que queriam apedrejar; convidou os aflitos a procurá-lo e prometeu aliviar a dor de quem lhe entregasse o seu problema.

Por que a humanidade sofre?
Á luz da fé a resposta é: porque não coloca suas dores nas mãos do Senhor Jesus e porque não aprende com Ele a repartir. Alguém poderia perguntarme: "Mas fazendo isso os sofrimentos desaparecerão?"

Muitas vezes imaginamos e desejamos um Senhor que esteja a nosso serviço e que se adapte aos nossos gosotos e desejos. O que Jesus Cristo nos propõe é diferente: quer que entremos em seu coração, para que aprendaos a ser co o ele é. Ele foi tudo para todos. Passou a vida repartindo; repartiu sua filiação divina conosco, dando-nos a possiblilidade de sermos filhos do mesmo Pai. Repartiu conosco seus segredos; repartiu conosco seu jeito de rezar e a maneira carinhosa de ver as pessoas como elas são. Suas alegrias e seus dons. Como síntese do seu jeito de ser e de agir, deu-nos a Eucaristia pão partido e repartido para a vida do mundo.

Voltemos a percorrer as estações da Via Sacra. Diante da dor de inúmeras formas, facilmente dizemos: "É vontade de Deus!" - Que imagem de Deus trazemos no coração!
A verdade é que não  lhe agrada o sofrimento do mundo. Quando dizemos que o sofrimento é vontade de Deus, estamos dando desculpas para continuar instalados em nosso egoísmo e apegados aos nossos bens, aos nossos títulos, ao nosso conforto e às nossas idéias 
Você já imaginou o mundo que surgiria se , um dia, ao levantarem-se, todos tomassem a decisão de repartir seus talentos, seu tempo e seu dinheiro? Se todos perdoassem de coração a quem o ofendeu, quanta paz surgiria?

Se estivéssemos atentos aos necessitados, quantos gestos de amor se multiplicariam!
Se praticássemos a justiça em nossa empresa quantas pessoas seriam beneficiadas! Se..., se..., 

Não! Deus não quer o sofrimento. As estações da Via Sacra não são obra de Deus mas nossa. Se tirarmos do mundo o sofrimento causado pelo coração humano - um coração tantas vezes cheio de ódio, de ganância de sensualidade, de apego ao poder, etc. -, O que sobraria? Sobraria aquilo que é do Senhor: a alegria, a paz, a bondade, o perdão, a fidelidade, etc. Por isso, se colocarmos em prática seus ensinamentos, o mundo se transformará numa grande mesa, onde todos sentarão.  Haverá pão para todos. Haverá mãos unidas. Haverá sorriso nos lábios; esse o mundo desejado por Deus. Assim é o seu Reino. Nisso resume o sonho que tem para nós, seus filhos. Demos, pois, um coração para o mundo - O CORAÇÃO DE JESUS!          

       

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